A democratização do acesso ao conhecimento por meio das bibliotecas e as mudanças que as novas tecnologias de informação e de comunicação vêm promovendo na sociedade contemporânea são alguns dos temas levados em questão na exposição Conhecimento: Custódia e Acesso. A mostra vai até o dia 30 de abril, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
A exposição, feita em parceria do museu com o Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo, que está completando 30 anos, busca discutir o papel das bibliotecas na construção do conhecimento e refletir sobre os instrumentos técnicos e as práticas sociais que tornam a informação acessível. A ideia é revisitar o legado histórico do conhecimento da humanidade que foi depositado nas bibliotecas e discutir como essas informações chegam hoje às pessoas. Para isso, o visitante vai percorrer um caminho que passa pelas bibliotecas tradicionais – das estantes com uma série de livros enfileirados – até o que ele imagina ser a biblioteca do futuro.
“É a primeira vez que fazemos uma série de questionamentos sobre o papel da biblioteca e dos operadores sociais de conhecimento, os bibliotecários”, disse o curador da exposição, Marcos Galindo, em entrevista à
Agência Brasil. “Pensamos muito em como tratar um tema tão abstrato como esse,
Conhecimento: Custódia e Acesso, e em como apresentar isso para as pessoas. A ideia, na verdade, não era trazer respostas, mas levantar questões para que as pessoas pudessem permanecer se questionando sobre o tema e sobre os papéis do livro e da biblioteca no século 21”, acrescentou.
A mostra tem início com a obra
A Criação de Adão, de Michelangelo. “Para iniciar a exposição, escolhi o toque do dedo de Deus em Adão. A partir daí, a exposição começa a contar como o conhecimento se tornou um instrumento da centralidade, dominado pela Igreja e, com a chegada das universidades, no século 11, como ele começou a se libertar, transformando-se no conhecimento laico”, explicou Galindo.
Partindo do que seria o surgimento do conhecimento, a exposição segue pelas formas primitivas de escrita, passando pela invenção da prensa e chegando até a Semana de Arte Moderna, em 1922. “Tratamos aí a biblioteca como um projeto modernista. Isso acontece por meio da figura do bibliotecário Borba de Morais, que foi um dos organizadores da Semana de 22”, disse. Borba de Morais, contou Galindo, ajudou também a instalar um curso de biblioteconomia e reestruturou todo o sistema de bibliotecas na cidade de São Paulo.
O último módulo da exposição apresenta o que se imagina a biblioteca do futuro, mostrando também como as pessoas, no passado, imaginavam que seria a biblioteca hoje. “Esse exercício foi colocado como uma forma de provocar reflexão sobre o momento atual e sobre as possibilidades futuras do acesso”, disse Galindo.
Para ele, a biblioteca não vai morrer no futuro, como alguns, que já decretaram a morte dos livros, podem apostar. Galindo acredita que esses espaços vão se adequar a uma nova realidade. “Grande parte das coleções das universidades e das bibliotecas públicas já é adquirida em livro digital. Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, 67% das bibliotecas têm coleções robustas em livros digitais, com 100 mil títulos disponíveis. E as bibliotecas no Brasil estão caminhando para isso."
A visita à exposição é aberta ao público e é gratuita. Mais informações sobre a exposição e acesso ao catálogo em versão impressa ou em audiolivro podem ser obtidos no
site http://www.sibi.usp.br/30anos/ .
Elaine Cruz; Agência Brasil
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