quinta-feira, 9 de maio de 2013

Quinta feira de espiga - Festa da Ascenção


Prata, ouro, alegria, paz e abundância para o próximo ano… a que acrescento saúde e trabalho para todos!

 
O dia da Ascensão ou dia da Ascensão do Senhor, tem lugar quarenta dias após o domingo de Páscoa. Designado, popularmente, por quinta-feira de Espiga, comporta praxes e tradições que assumem carácter universal. A mais comum está ligada ao ramo de espiga, com «poderes de virtude benfazeja», que se colhe neste dia pelos campos, constituído por espigas de trigo (abundância de pão), tronquinhos de oliveira (que simbolizam a paz), papoilas (a alegria), malmequeres brancos (a prata) e malmequeres amarelos (o ouro) – sempre em número ímpar em relação a cada um destes elementos.

 
Colhido o ramo, de preferência entre o meio-dia e a uma hora, devem rezar-se, conforme manda o preceito, três ave-marias e três pais-nossos (Beira Litoral). Em certas zonas do Alentejo, respeitando-se o sacralismo desse momento, considerado o espaço mais benéfico, colhem-se cinco espigas de trigo, cinco folhas de oliveira e o maior número possível de flores silvestres brancas e amarelas. Enquanto se procede à recolha, rezam-se cinco ave-marias, cinco pais-nossos e cinco gloria patri,«para nesse ano haver em casa trigo, azeite, ouro e prata».
O ramo de espiga guarda-se dentro de casa, na cozinha ou na sala, por vezes atrás da porta ou junto de uma imagem religiosa, aí se conservando, servindo de talismã, com «virtudes de protecção e esconjuro», até ao ano seguinte, altura em que é substituído por um novo ramo.

 
No Ribatejo, o dia da Espiga é declarado feriado, por ser «o dia mais santo do ano». Também em Évora (Alto Alentejo), da parte da tarde de quinta-feira de Ascensão, algum comércio e serviços encerram as portas, de modo a que os seus funcionários possam cumprir a tradição de colher «o raminho protector e apelativo da abundância».
Nesta data, crenças e praxes continuam a subsistir entre a comunidade rural, ao contrário do que acontece nas grandes cidades, onde se vai perdendo dia a dia o contacto com os rituais que nos ligam ao passado, como suporte da nossa própria identidade, manifestada na fé, no respeito e no valor das coisas que nos foram legadas.
 

quarta-feira, 1 de maio de 2013